No DIA LARANJA, instituído pela ONU como sendo um dia destinado à prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher, o POVO piauiense acordou com publicação “devoradora” de conquistas democráticas decorrentes do “sangue” esparramado das 110 mulheres assassinadas no Piauí desde a vigência da Lei do Feminicídio e do de tantas mulheres que diuturnamente se encontram em situação de violência no nosso Estado.
O ALFABETO VIOLENTO se instala no artigo e indagamos: qual seria o slogan mais apropriado para representar esse ato ilocucionário? Qual seria a propriedade semântica, ou seja, qual foi a intencionalidade imposta pelo falante? Quais seriam os sons e as marcas das enunciações? Respondemos: a precariedade de um ser humano como CORPO DESCARTÁVEL, destituído de significado social, político e histórico, passível de descarte, VIDA QUE NÃO PODE SER VIVIDA, do mesmo modo como ocorre nos assassinatos de mulheres no Piauí. Nossa anatomia, colocada em uma estrutura de poder, condiciona o status da masculinidade à apropriação do corpo feminino.
O background (som de fundo) da escrita é “A PELE QUE HABITA NOSSO CORPO”, mensurada no plano do biopoder, no poder de apropriação e controle do corpo feminino. A macabra reunião das sextas feiras pode ser comparada a ritual em que a vítima do sacrifício é eleita por sua anatomia feminina, destinada ao consumo canibalístico a cargo de uma determinada “confraria masculina” “bem intencionada”, “de bem” e “pais de família” cuja masculinidade se vê testada pela roupa de uma de mulher.
SIGAMOS EM PAZ E EM FRATERNIDADE, MULHERES E HOMENS PIAUIENSES! NÃO BORREMOS NOSSAS MENTES COM O SANGUE DO SACRIFÍCIO DAS MULHERES!
Eugênia Nogueira do Rêgo Monteiro Villa
Margarete de Castro Coelho